Como eu nasci? Deus existe? Quatro passos para responder estas e outras perguntas numa boa – e três casos divertidos de mães que passaram por isto
Mais do que colocar uma pessoa que tanto se ama no mundo, ter um filho significa preparar uma mente quase em branco para integrar uma sociedade cheia de questões complexas. Mas por que as crianças fazem tantas perguntas? E mais importante: como respondê-las? Bom, se mesmo para os adultos ainda existem questões sem explicação, para uma criança – que começa a tomar contato pela primeira vez na vida com todos os mistérios do mundo – a quantidade de dúvidas será naturalmente bastante expressiva.
Infelizmente, existem mais dúvidas do que certezas pairando sobre as tentativas dos pais de responder as perguntas dos filhos. Há tanta preocupação com o conteúdo dessas perguntas que muitos pais se perdem ou se esquivam de respondê-las, sem saber que, no fundo, o que importa não é o conteúdo da resposta paterna, mas a maneira como se encara as dúvidas de uma criança. Isso vai orientar para sempre sua postura para lidar com suas próprias questões, que começam a surgir tão cedo quanto seus dentes de leite.
Para a criança, perguntar faz parte das observações do dia. “As crianças fazem perguntas porque elas olham o mundo, é uma atividade natural para quem está observando tantas coisas pela primeira vez”, diz a psicóloga clínica Dora Lorch, autora de livro “Superdicas para educar bem seu filho” e diretora da Delfos Prevenção em Saúde Mental. De acordo com a especialista, o receio que os pais têm de responder determinadas perguntas pode desestimular as crianças a perguntar novamente. E, como a pergunta é a base para o conhecimento, a criança desenvolve mais dificuldades de aprender também.
Em seu livro, Dora conta que a convivência é um elemento fundamental na formação de crianças e jovens. “Crianças e adolescentes precisam saber que podem contar com os adultos, sentir-se protegidos [...], ou podem querer resolver sozinhos uma situação maior do que eles”. Portanto, o primeiro passo para fortalecer os laços da comunicação com seu filho é, além de se fazer presente, fazê-los entender que, sempre que tiverem uma dúvida ou incerteza, podem procurar você.
Quando esta etapa é completada, é preciso aprender a transformar o “ouvir” em “compreender”.
As crianças perguntam sobre o que ouvem ou vêem. Ao descobrir porque seu filho quer saber aquilo, você consegue chegar à raiz da questão e responder exatamente o que ele perguntou. E, qualquer que seja a pergunta, o caminho para o bom entendimento é sempre o mesmo: optar por falar a verdade.
Boa parte dos pais que evitam responder a perguntas sobre sexualidade feita por seus filhos o fazem por medo de agregar informações demais à mente em desenvolvimento da criança, transformando precocemente sua maneira lúdica de entender a vida. No entanto, de acordo com Miriam Stoppard em seu “Perguntas que as crianças fazem & como respondê-las”, quanto mais os pais se negam a falar sobre sexo, mais as crianças procuram conhecer o assunto da maneira que conseguem. Ou seja, é aí que o conhecimento foge do controle de segurança dos pais, incentivando ainda mais a procura externa, uma vez que o assunto ganha o status de “proibido”.
De acordo com Anne Lise, devemos pensar estas perguntas expressam a curiosidade da criança e isso é um bom sinal. As perguntas devem ser bem-vindas. “Se seu filho pergunta é porque se sente à vontade, tem um ambiente propício para se expor. Ruim é a criança que nunca pergunta nada. É preciso apenas tentar ser o mais sincero possível, de forma criativa. Afinal, os pais sabem todas as respostas, não precisam ficar com medo”, reforça.
Portanto, ter medo de expressar a realidade é uma das maiores barreiras que pais constrangidos podem colocar no processo de aprendizagem de seu filho. “Creio que a realidade, nas diferentes situações, é bonita porque é natural e não precisa ser camuflada ou fantasiada para esconder constrangimentos dos pais. Os adultos precisam resolver suas próprias questões para poder responder às nossas crianças da forma mais espontânea possível, evitando frustrações ou os desencantos que sofremos quando conhecemos a verdade”, afirma a supernanny Cris Poli.
É um desafio e tanto, mas vale a pena. Que o digam as mães de Julia, Vitória e Luccas, que enfrentaram perguntas cabeludas de seus filhos – e se deram bem. Conheça as histórias abaixo .
A sabe-tudo: Julia Lessa, 5 anos
Julia é uma bela morena de cachinhos pretos. Mas as madeixas são a única coisa enrolada que ela tem na cabeça, porque suas ideias estão pra lá de organizadas. Por ter convivido desde bebê com a irmã mais velha, a jornalista Isabella Lessa, Julia começou a ganhar repertório ainda pequena para compreender as novidades que o mundo lhe trazia.
Quando seu pai faleceu, no meio do ano passado, Julia compreendeu o que sua irmã Isabella queria dizer ao afirmar que seu pai tinha ido descansar, com o indicador apontando o céu. Pouco tempo depois, a mesma Julia – que cresceu assistindo a MTV e ouvindo as músicas que sua irmã colocava no som – elaborou o assunto. "Papai foi para o céu como a caixinha de leite daquele clipe, né?", perguntou, referindo-se ao videoclipe de "Coffee and TV", da banda britânica Blur, em que uma caixa de leite que protagoniza a história é jogada no lixo, em uma metáfora à morte, e sobe ao céu batendo asinhas de anjo. Ela compreendeu o recado.
Julia também têm dúvidas mais pragmáticas. Na escola particular onde estuda, ela é a única criança morena, o que a fez perguntar em casa porque ela era a única no meio de todos os seus amigos, brancos e loiros. Como na casa da Julia fala-se abertamente sobre todas as coisas, a explicação que recebeu foi de que era assim mesmo, e que ela não era diferente de ninguém – porque todas as pessoas são iguais, independentemente da cor de pele.
A boa pergunta da Julia:
É verdade que o amor nunca morre?
De olho nas mudanças: Luccas Silva, 6 anos
O pequeno Luccas já é um grande paradoxo: ele consegue ser ao mesmo tempo tímido e brincalhão, reservado e risonho. Tem vários amigos na escola, se dá bem com todo mundo, mas no prédio onde mora ele é amigo da molecada mais velha – é do tipo popular, que tem 6 anos mas anda com o pessoal de 9 e 10. Por conta disso, de vez em quando ele aparece em casa com umas afirmações curiosas para sua idade.
Ele já quis saber quem era o tal do papai do céu de quem sua mãe, a empresária Roberta da Silva, tanto falava, e em que lugar do mundo ele e sua família moravam. E na tentativa de reproduzir as verdades que escuta dos adultos à sua volta, já soltou frases do tipo “mamãe, estou com psicológico”, na tentativa de dizer que estava com dor de barriga.
Um dia, estava passando a tarde na casa de uma tia e sentiu vontade de fazer xixi. Saiu correndo pro banheiro e percebeu que seu pipi estava diferente. Não hesitou: vestiu a roupa e correu de volta para a sala perguntando porque, naquele momento, o pipi estava duro. A tia tentou, da maneira que pôde, explicar que o corpo dos meninos funciona assim mesmo, e que mais tarde ele iria entender.
A boa pergunta do Luccas:
Tia, por que meu pipi está duro?
Ver para crer: Vitória Sbragia, 4 anos
Vitória tem uma série de brinquedos da Barbie, mas não larga mão da camisa do Timão. Com seus quase 4 anos e uma relação bastante aberta com a mãe, a gestora de comunicação Ana Rita Sbragia, Vitória já passou por aquela fase de perguntar sobre como entrou e saiu da barriga da mãe, e porque os meninos tem “pipi” e ela não.
Em determinada ocasião, em seu processo de auto-descobrimento, a pequena baixou a roupa e pediu que todo mundo presente no local fizessem o mesmo, porque queria entender as diferenças entre o seu corpo e o corpo masculino. Sua mãe conta que os questionamentos começaram a surgir com mais frequência quando ela passou a frequentar a escolinha e conhecer novas crianças, com semelhanças e diferenças em relação a ela e a seu mundo.
O mundo dela caiu pela primeira vez quando, ainda tão nova, Vitória teve de encarar o falecimento de dois de seus entes queridos: sua gatinha e sua tartaruga. Diante dos acontecimentos, ela passou a questionar a mãe sobre a existência de Deus, porque se ele existisse mesmo, ele jamais teria levado seus amiguinhos embora. Ainda bem que a mãe da Vitória é boa de papo: explicou que seus bichinhos tinham ido encontrar suas famílias em outro lugar, e que estavam indo ficar junto de suas mães, como Vitória mesmo estava perto da sua. Não fosse a metáfora, a pequenina estaria até agora brigada com sua imagem do Todo Poderoso.
A boa pergunta da Vitória:
Deus existe? Então por que ele levou minha gatinha e minha tartaruga?
lançado pela médica e membro da Royal College of Physicians Miriam Stoppard, autora de mais de 50 livros e uma das maiores autoridades sobre maternidade, assistência à criança e saúde da mulher, “é a partir do momento em que consegue formular perguntas - por volta dos 2 anos de idade -, [que a criança] começa a bombardear os pais com [perguntas como] ‘Por quê?’, ‘O quê?’, ‘Onde?’ e ‘Como?’”.
Se as dúvidas são ‘O que é um cachorro?’ ou ‘Como funcionam os carros?’, sem problemas. No entanto, quando as perguntas que começam a surgir envolvem as fronteiras nebulosas da existência, do nascimento e mesmo da fé, a história muda um pouco de figura. Para ajudá-la, escutamos casos divertidos , especialistas e mães para ajudar e inspirar na difícil tarefa de educar uma criança. Mas primeiramente é preciso dar um passo atrás e ouvir o que tantas dúvidas têm a dizer.
1 Escutar é preciso
Em seu livro, Dora conta que a convivência é um elemento fundamental na formação de crianças e jovens. “Crianças e adolescentes precisam saber que podem contar com os adultos, sentir-se protegidos [...], ou podem querer resolver sozinhos uma situação maior do que eles”. Portanto, o primeiro passo para fortalecer os laços da comunicação com seu filho é, além de se fazer presente, fazê-los entender que, sempre que tiverem uma dúvida ou incerteza, podem procurar você.
Quando esta etapa é completada, é preciso aprender a transformar o “ouvir” em “compreender”.
2. Compreender para dialogar
Um menino de 5 anos pergunta em sua casa: “mamãe, quem é Deus?” A mãe, preocupada com que imagem de Deus ela poderia passar ao filho, corre para pesquisar as melhores terminologias e significados que o poder celestial poderia representar. Quando voltou, o menino estava no mesmo lugar, à espera de uma resposta. Ela se sentou e falou durante 50 minutos sobre as diversas representações divinas de todas as religiões. Quando terminou, o menino respondeu: “mamãe, eu não entendi nada de nenhum desses homens que você falou. Só queria saber quem era esse tal de Deus pra entender porque ele não me ouviu quando eu pedi pra ele me ajudar a ganhar um cachorrinho de Natal”.
A anedota representa perfeitamente a ansiedade que os pais vivem ao se deparar com uma pergunta aparentemente complexa. “Aparentemente” porque os pais imaginam o que as crianças estão perguntando, agregam complexidade por medo e por não considerá-las prontas para as verdades da vida, e acabam sem entender o que realmente a criança quer saber. “Muitas vezes a pergunta é bem mais simples do que se imagina, mas os adultos complicam. Quando o filho pequeno pergunta como foi parar na barriga da mãe, ele quer entender a maternidade, não o ato sexual”, diz Dora.
Um menino de 5 anos pergunta em sua casa: “mamãe, quem é Deus?” A mãe, preocupada com que imagem de Deus ela poderia passar ao filho, corre para pesquisar as melhores terminologias e significados que o poder celestial poderia representar. Quando voltou, o menino estava no mesmo lugar, à espera de uma resposta. Ela se sentou e falou durante 50 minutos sobre as diversas representações divinas de todas as religiões. Quando terminou, o menino respondeu: “mamãe, eu não entendi nada de nenhum desses homens que você falou. Só queria saber quem era esse tal de Deus pra entender porque ele não me ouviu quando eu pedi pra ele me ajudar a ganhar um cachorrinho de Natal”.
A anedota representa perfeitamente a ansiedade que os pais vivem ao se deparar com uma pergunta aparentemente complexa. “Aparentemente” porque os pais imaginam o que as crianças estão perguntando, agregam complexidade por medo e por não considerá-las prontas para as verdades da vida, e acabam sem entender o que realmente a criança quer saber. “Muitas vezes a pergunta é bem mais simples do que se imagina, mas os adultos complicam. Quando o filho pequeno pergunta como foi parar na barriga da mãe, ele quer entender a maternidade, não o ato sexual”, diz Dora.
Veja também:
As crianças perguntam sobre o que ouvem ou vêem. Ao descobrir porque seu filho quer saber aquilo, você consegue chegar à raiz da questão e responder exatamente o que ele perguntou. E, qualquer que seja a pergunta, o caminho para o bom entendimento é sempre o mesmo: optar por falar a verdade.
3. Nada mais que a verdade
Segundo a terapeuta familiar e psicanalista infantil Anne Lise Scappaticci, uma resposta honesta estimula a criança a procurar sempre novas perguntas, mais profundas – e, assim, a alcançar respostas melhores. “Quando os pais mentem, a criança sente que a relação não é verdadeira. Respostas violentas e impulsivas derrubam a vontade da criança em perguntar. Ela fica inibida de perguntar e diminui seu interesse pela busca de novos horizontes. É a família quem estimula a criança a ser inteligente”, analisa.
Há quem prefira usar metáforas para explicar algumas verdades, mas o risco desta escolha é dar voltas a mais em histórias que poderiam ser simples – e criar ainda mais dúvidas (e não das construtivas) na cabeça de uma criança. Cris Poli, educadora e apresentadora do programa “Supernanny”, conta que metaforizar ajuda as crianças a continuarem no mundo da fantasia, o que é importante na infância. Mas no caso de uma pergunta direta, a melhor coisa a se fazer é falar a mais pura verdade. “Os pais devem respondê-las de maneira natural, considerando a idade da criança, a fase do desenvolvimento em que se encontra e se limitando a dar a informação que a criança quer receber, nada além disso. Assim, a criança estará satisfeita, sua curiosidade saciada e ela voltará a questioná-los somente quando a próxima dúvida surgir”, afirma.
Há quem prefira usar metáforas para explicar algumas verdades, mas o risco desta escolha é dar voltas a mais em histórias que poderiam ser simples – e criar ainda mais dúvidas (e não das construtivas) na cabeça de uma criança. Cris Poli, educadora e apresentadora do programa “Supernanny”, conta que metaforizar ajuda as crianças a continuarem no mundo da fantasia, o que é importante na infância. Mas no caso de uma pergunta direta, a melhor coisa a se fazer é falar a mais pura verdade. “Os pais devem respondê-las de maneira natural, considerando a idade da criança, a fase do desenvolvimento em que se encontra e se limitando a dar a informação que a criança quer receber, nada além disso. Assim, a criança estará satisfeita, sua curiosidade saciada e ela voltará a questioná-los somente quando a próxima dúvida surgir”, afirma.
4. Você tem medo de quê?
Boa parte dos pais que evitam responder a perguntas sobre sexualidade feita por seus filhos o fazem por medo de agregar informações demais à mente em desenvolvimento da criança, transformando precocemente sua maneira lúdica de entender a vida. No entanto, de acordo com Miriam Stoppard em seu “Perguntas que as crianças fazem & como respondê-las”, quanto mais os pais se negam a falar sobre sexo, mais as crianças procuram conhecer o assunto da maneira que conseguem. Ou seja, é aí que o conhecimento foge do controle de segurança dos pais, incentivando ainda mais a procura externa, uma vez que o assunto ganha o status de “proibido”.
De acordo com Anne Lise, devemos pensar estas perguntas expressam a curiosidade da criança e isso é um bom sinal. As perguntas devem ser bem-vindas. “Se seu filho pergunta é porque se sente à vontade, tem um ambiente propício para se expor. Ruim é a criança que nunca pergunta nada. É preciso apenas tentar ser o mais sincero possível, de forma criativa. Afinal, os pais sabem todas as respostas, não precisam ficar com medo”, reforça.
Portanto, ter medo de expressar a realidade é uma das maiores barreiras que pais constrangidos podem colocar no processo de aprendizagem de seu filho. “Creio que a realidade, nas diferentes situações, é bonita porque é natural e não precisa ser camuflada ou fantasiada para esconder constrangimentos dos pais. Os adultos precisam resolver suas próprias questões para poder responder às nossas crianças da forma mais espontânea possível, evitando frustrações ou os desencantos que sofremos quando conhecemos a verdade”, afirma a supernanny Cris Poli.
É um desafio e tanto, mas vale a pena. Que o digam as mães de Julia, Vitória e Luccas, que enfrentaram perguntas cabeludas de seus filhos – e se deram bem. Conheça as histórias abaixo .
A sabe-tudo: Julia Lessa, 5 anos
Julia é uma bela morena de cachinhos pretos. Mas as madeixas são a única coisa enrolada que ela tem na cabeça, porque suas ideias estão pra lá de organizadas. Por ter convivido desde bebê com a irmã mais velha, a jornalista Isabella Lessa, Julia começou a ganhar repertório ainda pequena para compreender as novidades que o mundo lhe trazia.
Quando seu pai faleceu, no meio do ano passado, Julia compreendeu o que sua irmã Isabella queria dizer ao afirmar que seu pai tinha ido descansar, com o indicador apontando o céu. Pouco tempo depois, a mesma Julia – que cresceu assistindo a MTV e ouvindo as músicas que sua irmã colocava no som – elaborou o assunto. "Papai foi para o céu como a caixinha de leite daquele clipe, né?", perguntou, referindo-se ao videoclipe de "Coffee and TV", da banda britânica Blur, em que uma caixa de leite que protagoniza a história é jogada no lixo, em uma metáfora à morte, e sobe ao céu batendo asinhas de anjo. Ela compreendeu o recado.
A boa pergunta da Julia:
É verdade que o amor nunca morre?
De olho nas mudanças: Luccas Silva, 6 anos
O pequeno Luccas já é um grande paradoxo: ele consegue ser ao mesmo tempo tímido e brincalhão, reservado e risonho. Tem vários amigos na escola, se dá bem com todo mundo, mas no prédio onde mora ele é amigo da molecada mais velha – é do tipo popular, que tem 6 anos mas anda com o pessoal de 9 e 10. Por conta disso, de vez em quando ele aparece em casa com umas afirmações curiosas para sua idade.
Ele já quis saber quem era o tal do papai do céu de quem sua mãe, a empresária Roberta da Silva, tanto falava, e em que lugar do mundo ele e sua família moravam. E na tentativa de reproduzir as verdades que escuta dos adultos à sua volta, já soltou frases do tipo “mamãe, estou com psicológico”, na tentativa de dizer que estava com dor de barriga.
Um dia, estava passando a tarde na casa de uma tia e sentiu vontade de fazer xixi. Saiu correndo pro banheiro e percebeu que seu pipi estava diferente. Não hesitou: vestiu a roupa e correu de volta para a sala perguntando porque, naquele momento, o pipi estava duro. A tia tentou, da maneira que pôde, explicar que o corpo dos meninos funciona assim mesmo, e que mais tarde ele iria entender.
A boa pergunta do Luccas:
Tia, por que meu pipi está duro?
Ver para crer: Vitória Sbragia, 4 anos
Vitória tem uma série de brinquedos da Barbie, mas não larga mão da camisa do Timão. Com seus quase 4 anos e uma relação bastante aberta com a mãe, a gestora de comunicação Ana Rita Sbragia, Vitória já passou por aquela fase de perguntar sobre como entrou e saiu da barriga da mãe, e porque os meninos tem “pipi” e ela não.
Em determinada ocasião, em seu processo de auto-descobrimento, a pequena baixou a roupa e pediu que todo mundo presente no local fizessem o mesmo, porque queria entender as diferenças entre o seu corpo e o corpo masculino. Sua mãe conta que os questionamentos começaram a surgir com mais frequência quando ela passou a frequentar a escolinha e conhecer novas crianças, com semelhanças e diferenças em relação a ela e a seu mundo.
O mundo dela caiu pela primeira vez quando, ainda tão nova, Vitória teve de encarar o falecimento de dois de seus entes queridos: sua gatinha e sua tartaruga. Diante dos acontecimentos, ela passou a questionar a mãe sobre a existência de Deus, porque se ele existisse mesmo, ele jamais teria levado seus amiguinhos embora. Ainda bem que a mãe da Vitória é boa de papo: explicou que seus bichinhos tinham ido encontrar suas famílias em outro lugar, e que estavam indo ficar junto de suas mães, como Vitória mesmo estava perto da sua. Não fosse a metáfora, a pequenina estaria até agora brigada com sua imagem do Todo Poderoso.
A boa pergunta da Vitória:
Deus existe? Então por que ele levou minha gatinha e minha tartaruga?
Porque as crianças perguntam tanto? Como responder seus filhos?
Reviewed by Ateliê da Jack
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abril 16, 2019
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